Em plena transição do século XIX para o XX, Faguet já estava atento a decadência da prática da leitura – quem dirá do exercício acurado desta prática! Na verdade, o autor, na abertura do livro, nos relembra que esta arte já começava a ofegar um século antes: lê-se muito pouco, dizia Voltaire, e, entre os que desejam se instruir, a maioria lê muito mal.¹ Quão emergente é essa observação para o nosso século!
Em “A arte de ler” descobrimos que não existe apenas um modo de ler, mas vários. O tipo de texto que temos em mãos e nossos propósitos guiarão nossos passos. Não se lê os poetas da mesma maneira que se lê os romancistas; assim como não lemos um romance como lemos um livro de filosofia.
Mas qual a diferença destas leituras, então?
Faguet nos oferece um caminho para cada uma delas.
No percurso deste livro podemos até encontrar certas dificuldades na leitura - um estilo erudito e uma certa abundância de referências desconhecidas. Mas o próprio livro é a chave para compreendê-lo. Acima de tudo, ler devagar e ir além do texto. Se não conhece uma palavra, procure no dicionário! Se desconhece um escritor referenciado, procure no Google – melhor ainda em outros livros! Não há pressa. Ler com calma este livro é aprender a ler plenamente todos os restantes que chegarem às suas mãos.
Que o título “A arte de ler” – assim como o livro no todo – seja um reflexo de um problema muito anterior em nosso país: a arte de começar a ler.
Título: A arte de ler
Autor: Émile Faguet
Editora: Casa da Palavra
Assunto: Teoria e crítica literária
¹ FAGUET, Émile. A arte de ler. Rio de Janeiro: Casa da palavra, 2009.
Nenhum comentário:
Postar um comentário