Fico feliz em ver que os homens não querem ter o pensamento da morte. Eu bem gostaria de fazer algo para lhes tornar o pensamento da vida mil vezes mais digno de ser pensado. ¹
Estas são as palavras finais de um aforismo de Nietzsche em Gaia Ciência. Este filósofo é normalmente visto como um pessimista em relação a vida.
- Morte de Deus; viver como se tudo tivesse que retornar... pode haver pensamentos mais tristes e pessimistas que estes? – poderão dizer alguns. Nietzsche quer mostrar que justamente estes pensamentos valorizam uma vida alegre.
É uma meia verdade – falando num aspecto cronológico – considerar Nietzsche um pensador pessimista. De fato, parte de sua filosofia foi influenciada por Wagner e Schopenhauer, sendo fortemente marcada pelo pessimismo. Contudo, é na conhecida obra Humano, Demasiado Humano, que o filósofo rompe com essa falta de esperança na vida e segue um caminho diverso dos seus predecessores. Os pensamentos mais conhecidos do filósofo, como os dois citados acima, brotaram justamente nesta fase de sua vida
O próprio título do livro citado no início demonstra isso. A palavra “Gaia”, em Gaia Ciência não corresponde à mitologia, à deusa da terra. Ela vem do masculino “gaio” que significa “alegre”. Gaia Ciência, na verdade, era a expressão usada pelos antigos trovadores da Europa moderna, referindo-se ao nascimento de sua poesia. Para a escrita desta poesia, eram necessários espíritos livres. Então, Gaia Ciência significa, nas palavras de Roberto Machado “...um saber alegre”.
Segue um vídeo deste filósofo brasileiro, que expõe com clareza a relação entre a alegria e o trágico na filosofia de Nietzsche. Esta é a primeira parte da palestra, realizada pelo Café Filosófico.
Vale a pena conferir na integra!
¹ Nietzsche, F. Gaia Ciência. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.
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