segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Nietzsche e a crença na inspiração (Filosofia)

     Para quem não sabe, o campo das investigações feitas por Nietzsche vai muito além do que costumamos ouvir. Além de trazer à luz questões não refletidas, como a hipótese do eterno retorno e o além-do-homem, também colaborou para o pensamento da arte. Levantarei aqui, mais especificamente, sobre a produção artística e a ilusão criada – voluntaria ou involuntariamente – pelos artistas: a inspiração.
     O sentido de inspiração aqui colocado é o de uma ideia súbita e espontânea – um lampejo, uma iluminação. De fato costumamos acreditar que compositores, pintores, escritores, criam suas obras com a mesma facilidade com que a apreciamos. “Como se a ideia da obra de arte, do poema, o pensamento fundamental de uma filosofia, caísse do céu como um raio de graça” ¹. Como se unicamente a inspiração magistral de um artista produzisse toda a sua obra. Quando “na verdade, a fantasia do bom artista ou pensador produz continuamente, sejam coisas boas, medíocres ou ruins”. Ou seja, no momento da criação inicial, inevitavelmente surgirá defeitos. Muitos defeitos! “Mas o seu julgamento [do artista], altamente aguçado e exercitado, rejeita, seleciona, combina”. Primeiro produzimos a massa, para depois, arduamente, dar-lhe uma forma bela.
      “Todos os grandes foram grandes trabalhadores, incansáveis não apenas no inventar, mas também no rejeitar, eleger, remodelar e ordenar.”

¹ Todas as senteças entre parênteses nesta postagem foram tiradas do livro “Humano, Demasiado Humano”, de Nietzsche, da editora Companhia das Letras.

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